sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Gangues agem contra moradores de rua, negros, judeus e homossexuais

Por Ana Brito

Neste fim de semana, um morador de rua foi assassinado de forma cruel em São Paulo. Morreu queimado após incediarem a carrocha que ele usava. Uma testemunha registrou o fogo com um aparelho celular. Esse foi o segundo morador de rua assassinado em menos de uma semana.


O Jornal Hoje investigou e mostra agora o perfil de gangues que agem contra moradores de rua, negros, judeus, homossexuais. Na região metropolitana de São Paulo há pelo menos 25 grupos que estimulam a violência e o preconceito.

Faca, canivete, soco inglês, bastão de ferro. A venda é liberada, são fáceis de carregar e de esconder. As armas brancas são as preferidas por grupos extremamente violentos que agem no país disseminando o ódio e a intolerância.

“Como eles têm ódio das vítimas, esses golpes, essa sensação de poder que eles têm ao bater na vítima ou ao atingir a vítima com uma arma branca é muito maior, né?”, diz a delegada Margarette Barret.

Em São Paulo existe uma delegacia especializada na repressão deste tipo de crime: a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância. As investigações mostram que há 25 grupos na Grande São Paulo que incentivam a violência e o preconceito. Os estudam revelam ainda o perfil desses agressores.

A maioria é homem. Os integrantes têm entre 15 e 25 anos. São brancos, estudam e trabalham. Exibem símbolos nazistas em roupas e em tatuagens. Geralmente agem em grupo e atacam de surpresa.
“Eles têm algumas manifestações de intolerância contra negros, judeus, homossexuais e moradores de rua”, explica a delegada.

Quem faz parte desses grupos precisa seguir regras impostas pela gangue. A primeira missão de um novato é apanhar dos próprios companheiros. A segunda tarefa é espancar uma vítima escolhida pelo grupo.
"Existem regras de conduta dentro do grupo e eles não podem um delatar o outro, um não pode fugir de uma briga se o outro está apanhando. Existem regras para conviver nesses grupos e isso é seguido à risca por eles."

O filho de Maria dos Anjos, Paulo Sérgio, foi esfaqueado por um desses grupos. Ele foi ferido no pescoço, estômago e fígado. “Ele não é de se meter em confusão, nunca se meteu em confusão com ninguém. Ensinei a eles sempre não andar com gente que anda em mau caminho porque isso não é bom“, relata a dona de casa.

O acusado da agressão é Rafaele Marquini Franco. Ele foi preso por tentativa de homicídio. Com ele a policia encontrou armas que costumam ser usadas por integrantes de gangues, mas a maior evidência de pertencer a um grupo destes foi encontrada na pele: tatuagens com símbolos nazistas.

“Existe uma política de exclusão do outro. Parece que a culpa é do outro porque eu não estou tendo uma oportunidade de crescimento, de ascensão social, estas disputas de classe também estão presentes nestes conflitos.” Alessandro Faria Araújo teve a vida transformada depois de ser espancado por um grupo que discrimina homossexuais. “Foram muitos hematomas, muitos cortes”, conta o professor.

Fonte: Jornal Hoje

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