quarta-feira, 7 de maio de 2014

Somos todos bananas

Na semana passada, Lula, ex-chefe máximo de Estado, desclassificou os atributos técnicos da corte máxima do país, o STF, em viagem internacional. Ele fez questão de dizer para a imprensa mundo a fora que o julgamento que, por acaso, condenou seus principais assessores— por desviarem a bagatela de 100 milhões de reais de verbas públicas para comprar apoio político e partidário no Poder Legislativo— teria sido 80% político. Ao dar essas declarações, a prioridade de Lula era, com certeza, preservar a imagem do país.


Ainda que Lula tenha se esquecido de dizer que seus aliados tenham nomeado, praticamente, todos os juízes da mesma corte que demonstrou falta de solidariedade com os heróis petistas — incluindo um ex-advogado de seu partido, nem tão “ex-advogado assim”, que, atualmente, também ocupa a presidência do STE— uma coisa mais uma vez ficou escancarada: quando há um impasse entre o PT e uma instituição do Brasil, quem perde é a instituição.

Doutor Lula
Este mesmo ex- chefe de Estado nunca escondeu não morrer de amores pela leitura ou pelos estudos, mas, na semana passada, recebera mais um diploma de Doutor Honoris Causa, com muito orgulho, é claro, ainda que tenha sido poupado do esforço de passar pelo segundo grau e pela universidade.
Mas temos que entender que Lula foi um homem de poucas oportunidades e as reuniões do sindicato eram muito trabalhosas, excessivamente árduas, não dava tempo para estudar nem para trabalhar, graças a deus que ele tinha grandes amigos que o emprestaram a casa por mais de 20 anos e ajudaram-no a quitar os estudos da filha no exterior, algo normal para quem tem grandes amigos.
Tivemos, também, a oportunidade de ouvir e ver, em toda a cadeia de rádio e TV, a nossa presidente Dilma reafirmar seu compromisso com a inflação, com a imagem da Petrobras, com o combate à corrupção e todos àqueles malvados que estão contra os trabalhadores, que vivem a criticar os aumentos do salário mínimo.
Quando as pessoas vão entender que nossa gerente, nossa faxineira ética, luta, incessantemente, por todos nós?
Ela luta contra o aumento da inflação, por isso manipula os preços administrados (gasolina e energia elétrica) para não deixar o índice subir. Luta contra os problemas de escassez de energia, por isso baixou os preços numa canetada. Luta pela imagem da Petrobras, por isso tenta abafar a CPI, vai que descobrem para onde foram os milhões desviados com a ajuda de doleiros?. Ela também luta pelos trabalhadores, por isso aumenta o mínimo acima da inflação, ainda que isso gere mais inflação. Luta contra o desemprego, por isso, contabiliza os 14 milhões de famílias beneficiadas do Bolsa Família na estatística de empregados. O povo é tão injusto que não valoriza tudo isso.
Diante de uma “chefa” de Estado que luta tanto, nada mais justo e de direito que ela possa usar espaços públicos, como os pronunciamentos oficiais, para fazer campanha em ano de eleição, como fez na última quinta feira. Dilma representa a maioria dos brasileiros e o que viabilizou politicamente suas conquistas foi o PT, portanto, o partido tem o direito de usar espaços públicos em benefício privado, e é certo que as autoridades eleitorais ou, ao menos, a presidência do STE, vai concordar com este direito petista.
Guerra às UPPs
Semana passada, houve também a morte do dançarino do Programa Esquenta que, supostamente, morto pela polícia, inspirou justos protestos que defendiam a saída das UPP´s das favelas. Bacana, se precisam de proteção, sem a UPP, os cariocas ficarão livres para pedir ajuda dos amigos do dançarino DG, que eram da turma de “Cachorrão”, ou para os black blocs, colegas da sininho. Existe algo melhor para manter a paz e a lei?
Não podemos nos esquecer da campanha endossada por Luciano Huck contra o racismo #somostodosmacacos, seguida de sua estratégia nobre de arrecadação de recursos para o terceiro setor, que incluiu a venda de uma camiseta da campanha por R$ 69,90. Tudo pela causa nobre, quer dizer, quase tudo. Artigos como o do economista Rodrigo Constantino devem retirados do ar. Imagina que ele questionou: “se somos todos macacos, então para que as cotas raciais?”. Liberdade de expressão, ok, mas, mexer com as  ditas minorias, aí já é demais, pelas causas nobres se pode tudo, menos pisar no calo de quem é considerado do bem, ainda que não o pratique.
Vamos lançar uma nova campanha?
*Texto do jornalista Wagner Vargas publicado originalmente no Instituto Liberal, parceiro do Opinião e Notícia

Nenhum comentário:

Postar um comentário