sexta-feira, 27 de maio de 2011

A imprensa e o fenômeno mundial das manifestações em praças públicas


Chamando atenção para o Dia Mundial










DEU NO PORTAL DO OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA

A imprensa precisa começar a olhar para o outro lado do poder. Não apenas aqui no Brasil, mas em todo o mundo. É que são cada dia mais claros os sinais de que algo está acontecendo fora dos palácios, parlamentos, ministérios, tribunais, sedes partidárias, organizações empresariais e sindicais. Estás acontecendo mais precisamente nas praças publicas locais que voltam a ser o ponto de encontro de multidões, em plena era das relações virtuais via internet.
O caso mais recente foi o da praça Puerta del Sol, em Madri, onde um acampamento de jovens antecipou uma fragorosa derrota do partido socialista espanhol nas eleições de domingo. O PSOL acabou pagando o preço de uma manifestação que era contra todos os partidos, para expressar o cansaço e a desilusão dos jovens em relação a uma estrutura política e econômica da qual eles se consideram párias.
A Puerta del Sol é a reedição mais recente do mesmo fenômeno que transformou a praça Tahir no epicentro da rebelião de jovens egípcios que levou à derrubada do presidente Hosny Mubarak, em fevereiro de 2011. Três anos antes, outra praça ficou mundialmente famosa por conta de protestos contra a quebra do sistema bancário da pacata república da Islândia, Europa.

Em outubro de 2008, um jovem músico pegou o seu violão e foi para a praça em frente ao parlamento islandês, em Reykjavík, num sábado, e convidou os transeuntes para expressar, cantando, seu descontentamento com as consequências da quebra do principal banco do país, o Kaupthing.

No primeiro dia, o número de participantes não passou de 20 curiosos. No sábado seguinte, o teimoso Hördur Torfason, já reuniu 200 participantes e três fins de semana mais tarde, já era uma pequena multidão. Aí o caso se tornou nacional, colocando o governo islandês de joelhos diante da gravidade do protesto.

Se formos recuar mais tempo ainda poderemos chegar até os acontecimentos da praça da Paz Celestial, em Pequim, em 1989, antes da internet. Mas o que nos interessa aqui mostrar é como a era digital está alterando a forma como o descontentamento político surge aos olhos da opinião publica e como a imprensa tem uma enorme dificuldade em detectá-lo nos seus primeiros estágios.

Em meados da primeira década do seculo XXI, quando os jovens do mundo inteiro estavam fascinados pela descoberta do telefone celular como arma política, surgiram os primeiros protestos rotulados de smart mob (multidões inteligfentes), pelo pesquisador norte-americano Howard Rheingold.

O caso mais clássico é o ocorrido nas Filipinas em 2002, quando 900 mil jovens vestidos de preto usaram torpedos por celular para organizar em menos de 24 horas, uma manifestação na praça em frente ao santuário da Virgem Maria, na área central de Manila. Eles exigiam a derrubada do presidente Joseph Estrada, cujo governo não resistiu aos quatro dias de protestos.

Mas o caso mais curioso da nova tendência, mencionado no livro The Virtual Community (Comunidades Virtuais, de Howard Rheingold) ocorreu a Europa Central, numa antiga republica socialista onde um grupo de jovens resolveu protestar contra o custo de vida convocando uma manifestação em que eles caminhariam em círculos na praça central da cidade, chupando picolé.

Fonte: Observatório da Imprensa 

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