Por Ana Brito
Neste fim de semana, um morador de rua foi assassinado de forma cruel
em São Paulo. Morreu queimado após incediarem a carrocha que ele usava.
Uma testemunha registrou o fogo com um aparelho celular. Esse foi o
segundo morador de rua assassinado em menos de uma semana.
O Jornal Hoje investigou e mostra agora o perfil de
gangues que agem contra moradores de rua, negros, judeus, homossexuais.
Na região metropolitana de São Paulo há pelo menos 25 grupos que
estimulam a violência e o preconceito.
Faca, canivete, soco inglês, bastão de ferro. A venda é liberada, são
fáceis de carregar e de esconder. As armas brancas são as preferidas por
grupos extremamente violentos que agem no país disseminando o ódio e a
intolerância.
“Como eles têm ódio das vítimas, esses golpes, essa sensação de poder
que eles têm ao bater na vítima ou ao atingir a vítima com uma arma
branca é muito maior, né?”, diz a delegada Margarette Barret.
Em São Paulo existe uma delegacia especializada na repressão deste tipo
de crime: a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância. As
investigações mostram que há 25 grupos na Grande São Paulo que
incentivam a violência e o preconceito. Os estudam revelam ainda o
perfil desses agressores.
A maioria é homem. Os integrantes têm entre 15 e 25 anos. São brancos, estudam e trabalham. Exibem símbolos nazistas em roupas e em tatuagens. Geralmente agem em grupo e atacam de surpresa.
A maioria é homem. Os integrantes têm entre 15 e 25 anos. São brancos, estudam e trabalham. Exibem símbolos nazistas em roupas e em tatuagens. Geralmente agem em grupo e atacam de surpresa.
“Eles têm algumas manifestações de intolerância contra negros, judeus, homossexuais e moradores de rua”, explica a delegada.
Quem faz parte desses grupos precisa seguir regras impostas pela
gangue. A primeira missão de um novato é apanhar dos próprios
companheiros. A segunda tarefa é espancar uma vítima escolhida pelo
grupo.
"Existem regras de conduta dentro do grupo e eles não podem um delatar o
outro, um não pode fugir de uma briga se o outro está apanhando.
Existem regras para conviver nesses grupos e isso é seguido à risca por
eles."
O filho de Maria dos Anjos, Paulo Sérgio, foi esfaqueado por um desses
grupos. Ele foi ferido no pescoço, estômago e fígado. “Ele não é de se
meter em confusão, nunca se meteu em confusão com ninguém. Ensinei a
eles sempre não andar com gente que anda em mau caminho porque isso não é
bom“, relata a dona de casa.
O acusado da agressão é Rafaele Marquini Franco. Ele foi preso por tentativa de homicídio. Com ele a policia encontrou armas que costumam ser usadas por
integrantes de gangues, mas a maior evidência de pertencer a um grupo
destes foi encontrada na pele: tatuagens com símbolos nazistas.
“Existe uma política de exclusão do outro. Parece que a culpa é do
outro porque eu não estou tendo uma oportunidade de crescimento, de
ascensão social, estas disputas de classe também estão presentes nestes
conflitos.” Alessandro Faria Araújo teve a vida transformada depois de ser
espancado por um grupo que discrimina homossexuais. “Foram muitos
hematomas, muitos cortes”, conta o professor.
Fonte: Jornal Hoje
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