Por KÁTIA BRASIL DE MANAUS
Um avião Cesna, fretado pela Funasa (Fundação
Nacional de Saúde), está retido há quatro dias, juntamente com o piloto, por
índios ianomâmis na aldeia Watorik, região do Demini, no Amazonas.
Os índios protestam contra a nomeação de uma
servidora do Ministério da Saúde para a coordenação do DSEI-Y (Distrito
Sanitário Yanomami e Ye'kuana). Na semana passada, os ianomâmis retiveram por
cerca de 30 horas um outro avião, da mesma empresa, Roraima Táxi Aéreo, na
aldeia Hatiú, em Roraima.
Os aviões são usados para levar medicamentos e
auxílio sanitário até as aldeias. Pintados para a guerra com carvão e urucum,
os índios da aldeia Watorik (uma hora e meia de avião de Boa Vista) guardam a
aeronave armados com flechas e bordunas --porrete de madeira.
Eles dizem que só
vão liberar o avião e o piloto, identificado como Tarso de Souza, após o
ministro Alexandre Padilha (Saúde) receber uma comissão de índios em Brasília.
Eles são contra a nomeação de Andréia Maia Oliveira, assessora da coordenação
regional da Funasa, indicada, segundo eles, pelo senador Romero Jucá (PMDB).
"Pegamos
essa aeronave para chamar atenção do homem branco e do mundo inteiro. Se a
Polícia Federal for à aldeia para pegar o avião, vai ter conflito. Queremos
resolver isso em paz", disse à Folha, por telefone, o líder
ianomâmi Davi Kopenawa.
Por meio da assessoria de imprensa, o Ministério da
Saúde não confirmou a nomeação de Andréia Oliveira para coordenar o DSEY-Y. O
senador Romero Jucá (PMDB) negou ter indicado a servidora para o cargo.
O
coordenador da empresa Roraima Táxi Aéreo, Rosivan Dias, afirmou que os 14
aviões da empresa estão com voos suspensos para a terra indígena Ianomâmi,
localizada entre os Estados do Amazonas e Roraima.
"O piloto se comunicou
via rádio com a empresa e relatou que não sofreu ameaças dos índios, mas os
voos estão suspensos até liberação dele e do avião pelos índios", afirmou
Dias.
Fonte: Folha UOL
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