Quatro meses depois de afirmar em entrevista que não
pretendia deixar sua casa na Praia de Mauá, em Magé, na Baixada Fluminense,
apesar das inúmeras ameaças de morte que vinha recebendo devido ao seu ativismo
na defesa dos pescadores artesanais da Baía de Guanabara, Alexandre Anderson de
Souza, de 41 anos, foi retirado do Estado do Rio junto com sua família na manhã
do último sábado, 3. Ele e a mulher, Daize Menezes de Souza, estão desde 2009 no
Programa de Proteção a Defensores dos Direitos Humanos (PPDDH) do governo
federal.
A decisão de retirá-los de casa, onde contavam com escolta de policiais
militares 24 horas por dia desde setembro de 2010, ocorreu após vizinhos
relatarem que no dia 29 de outubro homens em dois carros percorreram o bairro
querendo informações sobre a rotina do casal. "Alguns vizinhos nos disseram que
os homens nesses dois carros perguntavam o horário que estávamos em casa, que
horas a gente saía, etc. Por precaução, decidimos fugir com ajuda do programa de
proteção", disse nesta quarta-feira, 7, Daize, por telefone.
Souza preside a Associação Homens do Mar (Ahomar) - entidade que, desde 2009,
teve quatro líderes executados. Os dois últimos foram mortos em junho deste ano.
Os crimes ainda não foram esclarecidos pela Polícia Civil. Na noite do último
domingo, um outro assassinato em Magé alimentou ainda mais o medo que ronda a
família de Souza. O pastor evangélico Vitor José Teixeira, de 43 anos, foi
executado na frente da mulher e dos filhos de 16 e 17 anos. O crime foi cometido
por dois homens que estavam numa moto.
A família acredita que o pastor foi assassinado por engano, porque ao
abordarem a vítima, os criminosos perguntaram se ele se chamava Alexandre. O
delegado Robson da Costa Ferreira, da 65ª Delegacia de Polícia (Magé), disse que
vai investigar a possibilidade de o pastor ter sido morto no lugar do pescador.
"Já sabemos que o pastor era ex-PM e tinha passagens por estelionato. Mas vamos
investigar todas as hipóteses", afirmou o delegado.
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